22 de novembro de 2008

O NEAB Visita a Serra da Barriga No Dia da Consciência Negra

O NEAB (núcleo de estudos afro-brasileiro), não poderia deixar de se fazer presente na Serra da Barriga um dos maiores e mais importantes sítios históricos do país, maior símbolo de resistência africana, em um dia tão importante na nossa história, comemorado em todo país que é o dia da consciência negra.
Situada no município de União dos Palmares, esse importante sítio histórico é onde localizava-se o quilombo dos palmares formado por negros que fugiam do trabalho escravo nos engenhos de açúcar mas precisamente do Estado de Pernambuco. O quilombo crescia, sua população aumentava com o passar dos anos, principalmente depois da ocupação dos holandeses. Aproveitando a desordem provocada pela invasão flamenga, os negros fugiam das senzalas, indo se refugiar nos mocambos da região da Serra da Barriga, no atual território de Alagoas. Há divergências quanto ao número da população de Palmares nessa época. Estima-se que existiam entre 6 mil e 20 mil habitantes. Muitas foram às tentativas de aniquilar de vez o quilombo palmarino, mas tal feito só foi realizado após a morte de Zumbi. Apesar de protegido, Zumbi foi morto em combate no dia 20 de novembro de 1695. Sua cabeça foi cortada e enviada ao Recife. A carta do governador Melo de Castro ao monarca datada de 24 de junho de 1696 dava ciência dessa façanha, relatando a guerra e a morte de Zumbi, cuja cabeça foi exposta como troféu de guerra em um mastro “no lugar mais público” do Recife, na tentativa de satisfazer os patrocinadores da guerra, como também para “atemorizar os negros que supersticiosamente” se recusavam a acreditar na morte do líder negro. Após a destruição de Palmares, os soldados foram recebidos com honras pelo governador e as terras do quilombo foram posteriormente aquinhoadas em lotes no regime de sesmaria e distribuídas entre os que participaram do cerco ao dito quilombo.
É evidente o massacre realizado nesta terra hoje sagrada para todos aqueles que a visitam. É impossível pisar no chão em que tantos e tantos heróis negros que nem entraram para história, que não tem seus nomes lembrados ou gravados em algum memorial e não se emocionar e sentir orgulho de pertencer a essa raça, a raça negra. A Serra da Barriga, um marco na nossa história, palco de uma das maiores lutas já travadas pela liberdade, sinônimo de resistência e bravura, mas que teve sua história escrita com sangue. Sangue de um povo arrancado de suas raízes à força para realizar trabalhos forçados e em troca receber somente o alimento suficiente para se manter de pé e poder trabalhar incansavelmente. Um povo forte, exemplo de resistência que até hoje perpetua sua história, sua cultura com orgulho e com um brilho no olhar, o olhar negro, olhar de um negro que sobreviveu que resistiu para ter dias de glória, ter sua cultura reconhecida e valorizada, e o principal: ter sua história recontada em cada canto desse país!

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